A demanda física intensa, aliada com curto período de descanso, faz com que atletas de elite ou praticantes de atividade física intensa desenvolvam processos inflamatórios no sistema músculo-esquelético. Essa inflamação traz dores que, muitas vezes, incapacitam o indivíduo de seguir seu treinamento planejado. Além disso, algumas doenças inflamatórias crônicas, como a osteoartrite, podem ser adquiridas por este público.
É importante salientar que o processo inflamatório pós atividade física é fisiológico e até esperado. Quando um paciente busca o ganho de massa muscular, por exemplo, o processo inflamatório é parte da adaptação ao exercício que será primordial para o crescimento do tecido muscular. No entanto, sabemos que, quando a atividade física é demasiada intensa, este processo inflamatório chega a prejudicar a qualidade de vida de um praticante ou piorar a performance de um atleta.
Nesse sentido, precisamos, como nutricionistas, sempre pensar em como tornar o sistema imunológico do paciente com este perfil mais robusto. Através da alimentação e da fitoterapia conseguimos incorporar substâncias potencialmente anti-inflamatórias que agirão de forma a diminuir a inflamação pós atividade física intensa e, consequentemente, as indesejadas dores musculares e articulares.
O gengibre (Zingiber officinales) é uma especiaria bastante utilizada no mundo, tanto como alimento quanto como fitoterápico. Estudos mostram que a utilização do extrato seco do gengibre suplementados por 11 dias na dose de 2g por dia foi capaz de reduzir em 25% a dor decorrente de ações excêntricas (flexão e extensão) dos flexores do cotovelo. Ainda neste sentido, Matsumara et al. (2015), observou os efeitos na suplementação de gengibre em atenuar o dano muscular e a dor muscular de início tardio (DMIT), após o exercício de resistência de alta intensidade. A maioria dos estudos que comprovam esta ação do gengibre mostram que elas são mostram que elas são melhores quando este fitoterápico é consumido de forma prolongada e não apenas no momento da dor.
A cúrcuma ou açafrão da terra (Curcuma longa) é parente do gengibre e também tem atividade anti-inflamatória. Estudos recentes demostram que a curcumina (fitoquímico responsável por esta ação biológica da cúrcuma), pode agir no local de um estímulo nocivo para reduzir a sensação de dor. Esta atividade pode ser eficaz para atletas e praticantes de atividade física que passam por ocasiões de dores musculares, por exemplo. Além disso, exercício praticado por um indivíduo desacostumado, especialmente aquele que consiste em alta intensidade ou grande número de contrações excêntricas, induzem ao dano muscular. Um estudo de placebo controlado, realizado com 14 homens não treinados, avaliou o efeito da curcumina em atenuar o dano muscular após exercícios excêntricos. 150 mg de curcumina antes de 12 horas de exercícios excêntricos foi capaz de atenuar danos musculares.
Uma outra planta medicinal bastante utilizada para esta questão é a Boswellia serrata, que diferente das anteriores não é uma especiaria. Esta planta é utilizada como fitoterápico em grande parte do mundo, também tem ações anti-inflamatórias. A revisão sistemática de Gouttebarge et al teve como objetivo analisar estudos recentes que observavam a prevalência da osteoartrite em atletas de elite e concluiu que a prevalência desta patologia na população estudada é alta, maior do que na população em geral, especialmente no que diz respeito a membros inferiores. Desta forma, a Boswellia pode ser um fitoterápico com grande importância para atletas de elite ou praticantes de atividade física intensa, já que uma ocorrência de osteoartrite pode necessitar de cirurgia, o que prejudicaria sua performance e colocaria em risco sua saúde. Procure um profissional habilitado para a prescrição destes fitoterápicos e ganhe melhora na sua qualidade de vida!!!
Mariana Corrêa de Almeida Azevedo