Nos últimos oito anos, foram 11 títulos dos 16 em disputa no masculino e feminino para o Quênia, sendo três dobradinhas seguidas em 2012, 2013 e 2014.
Foto: Douglas Aby Saber – FMA Noticias
A participação dos quenianos é relativamente recente, começou em 2000 e, de lá para cá, em 15 edições da prova, foram 14 vitórias, seis para os homens e oito para as mulheres. Para confirmar essa superioridade, os dois recordes atuais na prova são de atletas do continente africano.
Em 2012, Paskália Kipkoech pulverizou a marca anterior, ao cruzar a linha de chegada em incríveis 30 minutos e 57 segundos, para garantir o segundo melhor tempo do Mundo daquela temporada, ficando a apenas 36 segundos do recorde mundial, da inglesa Paula Radclife, feito em 2003. Entre os homens, Edwin Kipsang Rotich marcou 27min45s, com o primeiro lugar de 2013, superando a marca do hexacampeão Marilson Gomes, de 27min59s.
Pela lista divulgada pela organização do 30º 10 KM Tribuna FM-Unilus, os quenianos têm tudo para manter a “rotina” de conquistas. Afinal, estarão nas ruas de Santos, no próximo dia 17, três campeões e duas vices. Entre eles o próprio Rotich querendo escrever seu nome de vez na prova, com um novo recorde.
Motivação não falta. Além da excelente premiação de R$ 30 mil aos vencedores, há o Super Bônus Tri FM, com mais R$ 5 mil ao novo recordista. Além dele, estão confirmados os dois vencedores do ano passado, Joseph Kachapin Aperumoi e Nancy Kipron, que também faturou em 2013, além das vice-campeãs Delvine Meringor, em 2014, e Maurine Kipchumba, um ano antes.
Maurine tem um dos currículos mais fortes, com o bicampeonato da Volta da Pampulha e o título da São Silvestre. Nancy é ainda mais forte e além do bi em Santos, já comemorou vitórias na Pampulha, São Silvestre e Meia do Rio. Rotich é outro que já subiu no lugar mais alto da prova que encerra o ano no Brasil (duas vezes). No total, serão nove quenianos (cinco no masculino e quatro no feminino) e para dar mais brilho à disputa o “esquadrão africano” ainda terá o reforço de três tanzanianos, sendo duas mulheres, e um casal etíope.
Os técnicos das feras estrangeiras garantem que a hegemonia deve ser mantida. “O Edwin, atual recordista, e a Nancy, bicampeã, estão muito bem”, afirma Moacir Marconi, o Coquinho, que há 13 anos trabalha com atletas do Quênia e hoje é uma referência com os africanos no Brasil, tendo um centro de treinamento no interior do Paraná.
Ele garante que apesar de correrem num grupo grande, os quenianos não fazem jogo de equipe. “Ele correm para fazer o melhor e aguente quem puder, principalmente quando se tem uma premiação assim”, diz o treinador, elogiando a prova santista: “Sem dúvida, é a melhor corrida da América do Sul e uma das melhores do Mundo”.
Luiz Antonio dos Santos, um ex-campeão em Santos, em 1994, e hoje também atuando com africanos, adianta que o objetivo é também bater o recorde. “É um percurso que favorece e tem essa premiação muito boa”, afirma o técnico.
Além de Rotich, Aperumoi, Nancy, Delvine e Maurine, a equipe queniana contará com Alphonce Felix Simbu, que este ano já venceu a Volta ao Cristo e a Corrida de Reis de Cuiabá; Edwin Kiprop Kibet, campeão da Meia do Rio 2014; Mathew Cheboi e Gladys Kataron Kiplagat, primeiros colocados nos 15 KM de Iten, no Quênia este ano.
A Tanzânia contará com Failuna Abdi Matanga, campeã dos 10 KM do Rio 2014; Fabiano Joseph Naasi, terceiro na São Silvestre; e Catherine Lange Yuku, vice da Meia do Rio 2013 e sexta em Santos em 2012. A Etiópia completa a lista com Tsegaye Getachew Tadese, vitorioso nos 10 KM de Tel Aviv, em Israel, este ano, e Tewabech Yemenu Demse, vencedora dos 10 KM de Casa Blanca, no Marrocos em 2014.
Vitórias africanas começaram em 2000 com o angolano João N’Tyamba
Grande nome do atletismo na Angola, com nada menos que participações em seis olimpíadas, o irreverente João N’Tyamba foi o “desbravador” do continente africano nos 10 KM Tribuna FM-Unilus. Chegou dominando a disputa, com o tri em 2000, 2001 e 2002, para encantar o público, e completou com um quinto em 2005. Ainda em 2000, o primeiro queniano na prova, Willian Mysyoke, ficou em sexto lugar.
A primeira conquista Quênia foi em 2001, com Leah Kiprono, em dobradinha com Catherine Mutwa. Depois disso, os atletas africanos sempre estiveram presentes e entre os favoritos. Mas a sequência de vitórias começou em 2004, com Benson Cherono. De lá para cá, só em 2006 não houve quenianos no lugar mais alto do pódio. Em 2005 foi a vez de Margaret Karie. Já em 2007, Lawrence Kiprotich evitou o terceiro título seguido de Marilson Gomes. Naquele ano, Genoveva Kingen ficou com o segundo lugar.
Em 2008, mais um título, com a dobradinha masculina de Joseph Ngetich e Joshua Kemei e ainda o vice no feminino, com Anne Bererwe. No ano seguinte, Eunice Kirwa iniciava a sequência do tri, com uma disputa acirrada com Luzia Pinto, para garantir o recorde feminino, com 32min52s, quebrando a marca de 32min57s, da equatoriana Marta Tenório, estabelecida em 98.
No masculino, o Quênia garantiu os segundo e terceiro lugares, com Biwott Kipleting e Emmanuel Bett. Eunice voltou ao lugar mais alto do pódio em 2010, numa dobradinha com Rumukol Elizabeth Chepkana. Entre os homens, garantiram o segundo, terceiro e quarto lugares, com Emannuel Kipkemei Bett, Mathew Cheboi e Kiprop Mutai.
Em 2011, Nicholas Keter e Joshua Kemei ficaram em segundo e terceiro lugares e Kipkemei Mutai foi o oitavo. Entre as mulheres, Eunice chegou ao tri. Shewarge Amare, da Etiópia ficou em quarto, seguida da queniana Maurine Kipuchumba, com Catherine Yuku, da Tanzânia, em oitavo.
Na edição seguinte, a primeira dobradinha nas duas categorias, com Mark Korir e Paskalia Kipkoech, essa com um desempenho fantástico, para garantir o recorde, com incríveis 30min57s, a segunda melhor marca do Mundo em 2012. A prova teve amplo domínio africano, com as cinco primeiras colocações no masculino e as duas na feminina.
Entre os homens, Korir chegou forte, com 28min02s. O marroquino Mohamed El Hachimi também foi bem, com 28min04s. Em terceiro, o queniano Stanley Koech, em quarto, Ismail Gallet, da Tanzânia, e em quinto, Kiprop Mutai, também do Quênia.
Na prova feminina, além de Paskália pulverizar o recorde, Eunice voltou a correr bem, chegando em segundo lugar. Shewaye Woldemeskel, da Etiópia, ficou em quinta seguida de Catherine Yuku, da Tanzânia, e Selly Korir, do Quênia.
Em 2013, nova dobradinha dos atletas do Quênia, com Edwin Kipsang Rotich comemorando o novo recorde masculino, para superar a marca de Marilson Gomes dos Santos, de 27min59s. O hexacampeão da prova, inclusive, é o único não africano que aparece na lista de campeões dos 10 KM Tribuna FM entre os homens, desde 2000.
Mark Korir voltou a correr forte, sendo o segundo colocado, com Ismail Gallet, da Tanzânia, em terceiro lugar, seguido de Joseph Aperumoi, também do Quênia. O etíope Fikru Abera Dadi ficou em décimo e o tanzaniano Nelson Mbuya foi o 13º colocado. Entre as mulheres, houve a dobradinha queniana com Nancy Kipron e Maurine Kipchumb, com Sara Makera, da Tanzânia em terceiro e Leah Jerotich, do Quênia, em quinto. A etíope Mesert Biratu ficou em 16º lugar.
No ano passado, os quenianos repetiram o domínio, com Joseph Kachapin Aperumoi vencendo com 28min17s, Stanley Koech em segundo, com 28min47s. Entre as mulheres, Nancy Kipron cruzou a linha de chegada em 32min13s e Delvine Meringor, com 32min21s. Ainda na prova, Eliya Daudi Sidame, da Tanzânia, ficou em quarto lugar e Mejan Lucian em 16º entre os homens, enquanto que Shewaye Woldemeskel, da Etiópia, foi a quarta e Samwe Salum, da Tanzânia, foi a 11ª colocada.
Treinadores são brasileiros e também foram vitoriosos como atletas
Além de cotados nas provas, os corredores africanos que atuam no Brasil têm um ponto em comum. Todos são treinados por brasileiros, que também foram vitoriosos como atletas. O pioneiro e que mais acumula conquistas é Moacir Marconi, o Coquinho, que criou um Centro de Excelência em Nova Santa Bárbara, no Paraná. Seu “rival” é Luiz Antonio dos Santos, que mantém sua equipe em Taubaté, interior paulista.
Coquinho já realiza este trabalho há mais de uma década, promovendo a adaptação dos estrangeiros ao Brasil. “Algumas pessoas acham que estou tirando a vitória de um brasileiro, mas sei que muita gente encara isso de outra maneira, sabendo que os africanos como rivais melhoraram o nível do atletismo brasileiro. E tenho certeza que é isso que acontece”, afirma.
Como maratonista, tem grandes resultados. Foi tricampeão e recordista da Maratona de Livorno, na Itália, vencedor da Meia da Suíça e de São Paulo e na São Silvestre, onde sempre coloca os favoritos ao título, tem como melhor resultado o 15º lugar.
Em relação à prova de Santos, Coquinho coleciona mais vitórias, mas Luiz Antonio dos Santos tem uma ligação mais forte. Como atleta foi campeão em 1994, sendo o primeiro atleta de nível internacional a vencer a prova. A partir dele, a corrida ganhou status, atraindo grandes nomes do Brasil. Depois, ainda foi vice nos dois anos seguintes. Como treinador tem o atual campeão da disputa, Joseph Aperumoi.
Como atleta, garantiu conquistas emblemáticas. Foi bicampeão da Maratona de Chicago/EUA, em 1993 e 94. No ano seguinte faturou o bronze no Mundial, na Suécia, a vitória na Maratona de Fukuoka/Japão, e foi o primeiro campeão da Maratona de São Paulo. Também representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Atlanta/EUA, em 96, com o 10º lugar.
“Posso dizer que foi um trabalho que Deus colocou no meu caminho, porque já estava pensando em largar o atletismo. No princípio foi só vontade de ajudar. Nem sabia como seria e depois vi que poderia fazer um trabalho de forma diferente”, conta.
Prova contará com 21 mil atletas pelas ruas de Santos
Marcado para o próximo dia 17, o 30º 10 KM Tribuna FM-Unilus reunirá 21 mil atletas pelas ruas de Santos. A maior corrida do País na distância conta com dois grandes atrativos. De um lado, a disputa pelas vitórias no masculino e feminino, atraindo grandes nomes pelo percurso totalmente plano, ao nível do mar, com poucas curvas, e também pela excelente premiação.
De outro, a participação popular, seja entre os famosos pelotões, grupos uniformizados de empresas e academias, ou na torcida, sobretudo nos dois quilômetros finais da prova, na orla da praia. A entrega dos kits será realizada nos dias 14, 15 e 16 de maio, no Ginásio de Esportes Unilus.
Todas as informações sobre a prova estão disponíveis no site www.triesportes.com.br.