Corredor Viajante – Miguel Delgado – Maratona de Roma

Maratona de Roma, por Miguel Delgado

Relato enviado em 02 de abril de 2010

Somos integrantes da Equipe BALEIAS de corrida de rua que tem sede mundial em Belo Horizonte/MG. As corridas nos proporcionam sentir bem e passear. Correr maratonas no exterior tornou-se no final do ano de 2006 uma decisão para mim e para Wu Arantes, meu parceiro de corridas e viagens (na foto ao lado, Miguel e Wu).

Embora eu não tenha conseguido ir em 2007 por ter sido obrigado a direcionar as verbas juntadas para esse fim para outro objetivo Wu inaugurou nossos planos indo sozinho à Maratona de Paris-2007. No ano seguinte ele repetiu a dose para me acompanhar.

Assim, depois de correr Paris em 2008, Roma assume como objetivo. Ajudada por Londres que é meio chata de fazer a inscrição e a Espanha que dá a impressão de não gostar de brasileiros, a decisão de ir a Roma revela-se a mais acertada de todas.

Fui em 2008 e apaixonei-me pela prova. Wu não pode ir e nesse ano de 2010 foi a minha vez de repetir a prova para acompanhá-lo. O que fiz com imensa satisfação. A nós se juntou seu irmão Walasce que esperamos continue a ir conosco. Temos também colocado fogo em nossos amigos de equipe para que cada vez mais Baleias experimentem as provas internacionais e as viagens.

Sobre a Maratona de Roma vou unir a experiência da viagem com a prova. Na verdade, para nós corredores, a experiência de chegar e se manter no exterior talvez seja mais interessante do que apenas relatar a prova em si, o que qualquer um com razoável preparação faz. Farei o relato na terceira pessoa porque todos os planos são divididos com Wu Arantes e é mais correto o nós do que o eu, até porque o Walasce também lá esteve embora não se utilize da experiência Baleias de viagem ao exterior por ser mais rodado do que a gente nesse particular.

Quando decidimos ir a uma maratona a inscrição é feita logo que abre. Isso nos ajuda na preparação. Roma tem um custo muito acessível e tem que enviar um atestado médico. É só imprimir, preencher, dar para um médico assinar por óbvio, escanear e mandar. Fica tudo ok. Depois a gente imprime a ficha com o número e leva. Se não levar, lá tem como imprimir também (além disso, a mulher que cuida das inscrições, uma italiana, fala Português e gosta do Brasil. Assim, dúvidas são fáceis de resolver. A conversa é direta).

Sempre pensamos em comprar a passagem o mais rápido possível de forma que já tenhamos enfrentado algumas prestações antes de ir. Não é muito bom ficar pagando prestações depois de já ter voltado. Isso emperra novos planos. Gostamos de ir mais quitados do que devedores.

Procuramos as companhias aéreas que resultam em melhor custo/benefício em nossos projetos de viagens. Assim, acumular milhas é de fundamental importância. A TAM já recebe milhas de outras cias aéras então fica mais fácil. Fomos de TAP (5x) porque sai direto de Belo Horizonte e contamos as milhas para a TAM que nos é importante para os projetos brasileiros e sulamericanos de corridas.

Outra coisa que aprendemos é sempre ir para a Europa com uma companhia aérea de país distinto de nosso objetivo porque ela sempre chega em casa primeiro e com isso descemos e conhecemos outro lugar, ficando de um a dois dias na escala. Não costuma acrescer nada no preço.

Esse ano fomos com a TAP para Roma com um dia em Lisboa. A volta foi de Paris para Belo Horizonte. Tem a parada em Lisboa na volta também.

De Roma para Paris fomos por uma companhia aérea de baixo custo, EasyJet (tem também Ryanair). Essas cias são baratas e você perde tudo se não puder ir. Tem que pagar malas maiores que uma mochila também. Mas o bilhete custa entre 18 e 35 Euros cada perna da viagem. Ano passado foi 9 Euros. Dá para comprar pela Internet sem problemas. Tem dois anos que faço assim e não tive problemas. As duas têm site em Português.

Fomos a Veneza também por essas companhias.

Não temos receio das dificuldades do idioma alienígena. Eu e Wu falamos apenas o Português e o Baleias e conseguimos viver muito bem. Volta e meia vai alguém no  grupo que sabe um pouco mais, mas a regra é o idioma Baleias funcionar a maior parte do tempo.

A língua Baleias é uma espécie de Esperanto. Você fala cada palavra na língua que souber e ajuda com as mãos e os pés.  Não serve para detalhes, mas serve para muita coisa.

Ainda não experimentamos um país de língua não latina, o que faremos em 2011 para correr a Maratona de Berlim. Não acredito que haverá problema e de qualquer forma não desistiremos por causa disso.

Os hotéis são ainda mais fáceis de reservar. São vários os sites de reserva. www.booking.com; www.venere.com e outros mais. Na rede Accor tem também muitas opções, mas são só para promoções porque fora isso tem muito mais barato nos sites que indiquei.

Nesses sites têm todas as informações e ainda as impressões dos viajantes que são fundamentais para nossa decisão. Reservamos pelo booking e ainda não tivemos problemas. O valor contratado consta da reserva impressa e é absolutamente respeitado pelo hotel. É só mostrar o papel e pronto. Alguns hotéis pedem para pagar antes no cartão de crédito.

Eu uso uma técnica pessoal para garantir não haver furo na reserva. Algum tempo depois da reserva ou um pouco antes da chegada mando um email direto para o hotel (na base do Google Tradutor) falando da reserva, de que estou chegando e pedindo alguma coisa a toa, como colocar camas separadas ou os quartos juntos, só para o pessoal saber que existo e me informar se há algum problema, sendo o caso.

Existem também outros sites que têm relação de albergues e um tal de B&D (Bed and Breakfast) que é um hotel mais barato. Querendo só dormir e não se importando em compartilhar quarto e banheiro, tem hospedagem até por 18 Euros.

Na viagem, tudo da corrida vai na mochila e não na mala. Normalmente o tênis vai no pé senão a mochila fica inviável. É que se a mala extraviar não ameaça a minha corrida, que é a coisa mais importante que fui fazer lá. As malas podem extraviar e chegar apenas mais tarde ou dias mais tarde ou nunca chegar.

Chegando no aeroporto procuramos o serviço de informação e mostramos o mapa e o nome do hotel para nos informar qual o melhor jeito de ir. Se de ônibus, táxi, van ou metrô. Tudo depende muito, mas nessas cidades que falei não há necessidade de ter receio de taxista. É tudo combinado antes.

Lisboa sem mala é ônibus, com mala é Táxi. O aeroporto é muito perto.

Roma é táxi ou van. Dá uns 15 euros por pessoa.

Paris dá para ir de metro e trem tanto na chegada quanto na partida, mas se tiver mala acho melhor ir para o aeroporto de van. Tudo é na faixa de 15 euros por pessoa. Na chegada não precisa e é muito interessante ter contato com o metro de Paris logo de cara. O metro de Paris é magnífico e não tem erro.

Gosto sempre de escolher os hotéis que ficam perto da largada para ir com tranqüilidade. Em Paris até não há tanta necessidade porque o metro é fácil e rápido.

Esse ano chegamos em Lisboa para uma noite, fomos para Roma por três noites, fomos a Veneza para uma noite e Paris para três noites. Foram vários aeroportos, hotéis e meios de transporte. Não deu problema em nada. Tudo conforme planejado, apenas com o detalhe de que somos viajantes de chegar cedo no aeroporto. Não ligamos de esperar e só ficamos tranqüilos mesmo depois de fazer o check-in  e passar nas máquinas de raio-x.

Deixada a mala no hotel é partir para o kit, para a hidratação e demais detalhes de cada ritual pessoal antes da prova. Na Europa não tem mamão. Cada um tem que se virar. Isotônico tem e água também, assim é só comprar na volta do kit e levar para o hotel.

Se escolher o hotel com lógica lá estarão hospedados diversos corredores e com isso o café sairá na hora certa para a corrida. Os corredores que entendem a língua já terão feito as combinações com a copa para que dê tudo certo.

A maratona de Roma é uma prova maravilhosa. A feira é muito boa. Os tênis estavam muito baratos, o que não é normal na Europa que tem os preços parecidos com os nossos.

Para falar dos 42 km especificamente é preciso uma observação. Considero a beleza de Paris insuperável e Roma com uma beleza mais substancial. Acho que Paris é a loira e Roma a morena.

Corri as duas maratonas e Wu Arantes também. Acho que temos a mesma opinião. No que diz respeito à prova em si a maratona de Roma é insuperável nesse cotejo.

Roma tem o percurso passando por dentro do centro histórico, nas ruas curtas e estreitas. A virada à direita onde se vislumbra a Praça de São Pedro faz tremer não só as crianças, mas também aos adultos.

O abastecimento é o melhor que já vi minhas 14 maratonas, mesmo sendo apenas de 5 em 5 km. A alegria da população é contagiante. É incrível como são poucos os brasileiros. Em Paris você os vê na largada, no meio da prova e na chegada. Em Roma a gente custa a achar um.

A Maratona de Roma continua sendo a minha prova preferida. Não devo corrê-la em 2011 porque não dá para ficar indo toda hora na Europa, mas a vida é surpreendente e se aparecer alguém com alguma missão para mim lá, posso ir num estilo bate e volta. A prova vale.

E para completar a grande festa ganhei do Wu Arantes. Já eram 8 provas que só ele ganhava. Gostei mais ainda de tudo.

É isso meus amigos. Viagens e Maratonas, uma combinação perfeita. Com planejamento dá para fazer sem susto. E não ligue de tomar bronca, a vida de turista é feita de bronca. A todo momento alguém manda sair de algum lugar ou parar de fazer alguma coisa.

Um abraço do Miguel Delgado, Equipe Baleias de corrida de rua.

http://baleias-corridaderua.blogspot.com/

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