Letícia é brasileira, morando atualmente na Itália. Escritora e designer, ela contribui periodicamente com seu blog no site RunningTrip.com – a versão em inglês do Correr pelo Mundo. Ela também tem seu blog, o http://runaroundtheclock.tumblr.com/.
Em 2012, ela teve a oportunidade de participar dos 10km que fazem parte da Maratona do Sol da Meia Noite, na cidadezinha de Tromsø, norte da Noruega. Confira o relato da Letícia sobre a prova!
Três anos atrás, quando eu me mudei para a Europa, ouvi falar sobre a Midnight Sun Marathon e na mesma hora fiquei encantada com a possibilidade de poder participar dela. Realizada em Tromsø, uma pequena cidade no norte da Noruega, no Círculo Polar Ártico, a corrida noturna acontece durante o verão, quando o sol nunca se põe. Já de início um conceito sensacional de prova.
Depois de três anos vivendo como cidadã europeia, eu ainda tinha esta prova na minha lista de desejos, quando decidi que já era hora de participar da competição. Ainda me recuperando de uma lesão, eu não poderia fazer a meia maratona como havia planejado no início – e a maratona, nem pensar – então, escolhi os 10k. Ao menos teria a experiência que é tudo para corredores como eu, sem a menor expectativa de vencer uma prova.
A preparação começou com a newsletter da prova, avisando que a temperatura média na época do evento é de 10°C, ma que deveríamos estar preparados para todas as condições climáticas! Então, lá fomos nós, fazer as malas com meias de inverno, luvas, óculos de sol, camisetas de manga comprida, camisetas de manga curta, shorts, calças, jaquetas corta-vento… No fim, a prova aconteceu com os 10°C e uma chuva fina, mas melhor prevenir do que remediar!
A noite anterior à prova aconteceu o tradicional jantar de massas. Correndo apenas os 10k eu não precisava muito de carboidratos extras, mas eu estava animada para conhecer outros corredores. O local estava repleto de experientes maratonistas e ultra maratonistas de 50 diferentes países, o que me fez sentir a maior virgem em maratonas – mas ainda muito orgulhosa da minha teimosia em correr os 10k quando ainda tinha um mês de recuperação pela frente. Eu fiquei lá escutando suas aventuras no mundo das corridas e suas expectativas de correr abaixo das 3h30 (e fiz uma nota mental adicionando isto também à minha lista de desejos).
A cidadezinha estava repleta de corredores. Me sentia entre os meus! Em todo lugar que ia as pessoas falavam sobre PRs, os splits negativos que estavam planejando, o que deveriam comer, quando deveriam parar de comer…. Me senti em casa!
O encontro bacana – assim como as refeições – continuaram no dia da prova. Depois de buscar nosso kit, participamos de uma corrida de 1k seguida de um café da manhã. O grande assunto era de como conseguir dormir com o sol a pino, porque, acredite, independente do tempo que você tenha ficado acordado durante o dia, quando você vê o sol brilhando no céu, não importa se o seu relógio diz que são 2 da manhã – seu corpo simplesmente não aceita que é hora de dormir. Descansados ou não, nos preparamos para correr a prova, com um percurso pela linda costa de Tromsø, seguindo pelo seu subúrbio, onde famílias norueguesas ficavam lá, torcendo pela gente.
Cruzar a linha de chegada é sempre uma emoção, mesmo quando você tem que segurar seu pace por causa de uma lesão. Não era uma maratona, ou mesmo uma meia, como meu orgulho de corredora gostaria que fosse. Mas mesmo assim, um corredor não pode sentir-se nada menos que o mais sortudo por fazer parte de tal evento em um local tão peculiar e bonito. E quando chegou a meia-noite e os corredores da maratona e da meia estavam cruzando a linha de chegada, o sol ainda brilhava no céu.
Letícia é brasileira, morando atualmente na Itália. Escritora e designer, ela contribui periodicamente com seu blog no site RunningTrip.com – a versão em inglês do Correr pelo Mundo. Ela também tem seu blog, o http://runaroundtheclock.tumblr.com/.