Corredor Viajante – Fabiano Almeida – Maratona de Amsterdã

Relato do corredor viajante Fabiano Almeida, em sua participação na Maratona de Amsterdã 2011.

Prova: Maratona de Amsterdã

Relato enviado em 25 de novembro de 2011

Já uma semana antes da prova começaram minhas aventuras pela Europa, como “maraturista”, conciliando o turismo com a preparação (ou quase isso) para a Maratona de Amsterdã. Caminhamos os dias inteiros, conhecendo o que podíamos a pé, na companhia da minha senhora e minha cunhada. O que ajudou a compensar alguns treinos de aventura que realizei, com certos imprevistos.

Um primeiro em Paris, que me perdi devido a escala do mapa que tínhamos em que não achei as ruas e um treino de 50 minutos se transformou em 1h30. Era para eu ir a um parque e no máximo o que achei foram muitas ruas, sinaleiras e um cemitério. Depois em Londres, coloquei despertador sem alterar a hora e devido ao fuso horário acordei uma hora mais cedo que o planejado, corri à noite, antes de amanhecer, mas valeu muito a pena e desta vez consegui localizar os parques que queria.

Em Paris, corri, como treino, os 20 km de Paris, tendo como o pano de fundo a Torre Eiffel, as margens do Rio Sena e o grito de guerra dos corredores franceses ao longo do percurso: “non je ne suis pas fatigue”. Foram mais de 20 mil pessoas correndo os 20 km de Paris. O que já deu para dar uma bela amostra do que me aguardava.

Cheguei sozinho à Amsterdã, de trem. Assim, a idéia era chegar no hotel e ir direto à Expo (feira de produtos) montada junto ao Olimpic Stadium (largada e chegada das provas).

Primeiro passo foi adquirir um mapa. A cidade é formada por canais, trilhos de trens elétricos, ciclovias (muitas) e uma população de bicicletas. Para entrar no clima, embarquei num “ciclotaxi”. O motorista pedala um triciclo de fibra com lugar para 2 pessoas (ou eu e as bagagens). Mais barato que o táxi convencional, divertido e muito rápido, pois o cara anda pelas ruelas, ciclovias em que é tudo muito organizado.

Todos respeitam as bicicletas em Amsterdã, elas é que às vezes não se respeitam, mas funciona tudo muito bem. Larguei as coisas e aluguei uma bicicleta para me locomover: o estádio não era nada perto. Me toquei naquela ciclovia como se fosse um cidadão holandês. Mas, não demorou muito para uma senhora estar me ultrapassando, toda arrumada e na maior elegância. Os caras mandam mensagem, falam ao celular em meio àquela confusão de bicicletas.

As vespas também trafegam pela ciclovia e em alta velocidade. Bom, ainda estamos vivos para contar desta aventura. Minha senhora e a cunhada ficaram com as bikes só por um dia. Para mim a experiência foi única, a cidade pode ser vista e conhecida por outra ótica, assim como a vemos pelas suas ruas, nas corridas, as bicicletas são tudo de bom.

Pela ciclovia, eu rapidamente cheguei ao Olimpic Stadium. Estacionei a bike, larguei mochila e entrei no estádio junto à população de corredores. Os portões fecharam as 09:15 e estava frio, aguardamos a largada já na pista. A música, aquele lugar, aquele povo todo, foi muito emocionante.

Assim como na chegada, na largada as pessoas ficam assistindo das arquibancadas do estádio e formam uma verdadeira torcida. Este ano eram 83 nacionalidades do mundo correndo. Nos momentos antes da largada com toda a expectativa, aquele estádio lotado e ao teu lado pessoas de diferentes pastes do mundo foi demais. Mesmo assim, larguei tranquilo, o que nem podia ser diferente, pois é muita gente (35 mil pessoas). Só forçando a passagem ou ficando muito lá na frente na hora da largada.

Mas preferi ir bem devagar no início. Logo em seguida já estava no meu ritmo dos 5/1 e dalí não saí por um bom tempo.

Ao longo de todo percurso muitas bandas ao vivo tocavam músicas de todo tipo. DJs com pick-ups de som e caixas de música gigantes em cima de caminhonetes. O mais inusitado eram as bandas que tocavam em cima de barcos, às margens da ciclovia em que corremos. A música em diversos pontos auxiliou e deu força. Outro ponto positivo foi o a bebida energética servida, o AA Drink, excelente. E assim me mantive, um tanto abaixo, um tanto acima. Mais para o início, passaram por mim os marcadores dos 3:30. Tentei acompanhá-los. Mas, alguns kms depois, preferi manter meu ritmo e não arriscar pelo preço caro que pagaria.

O sol, o frio e a paisagem também ajudaram muito. O percurso é todo plano, por ruas, pontes, parques e ciclovias.

Comecei a contagem regressiva dos 32km em diante, e já um pouco mais a frente me dei conta que chegaria bem, muito bem.

Não quanto ao tempo que fiz (3:42:50), mas por este tempo que “me fez”. Esta vivência toda que tive, que poderei contar para os meus filhos e quem sabe aos meus netos é o que considero como meu recorde. Meu filho, minha nona maratona foi na Holanda!

Só tenho a agradecer à minha família, ao Clube da Endorfina, aos treinadores Lucas Pretto e Gabriel Espíndola e toda sua equipe. Aos parceiros de treino, indispensáveis, que lá estiveram comigo, com certeza. Obrigado pelo privilégio de já ter vivido tanto e por tanto mais ter por viver. Até a próxima e que seja breve.