Prova: Maratona de Buenos Aires 2010
Relato enviado em 25 de outubro de 2010
Correr pelo mundo é sentir na pele o caos dos nossos aeroportos. Meu voo para Buenos Aires não era direto e tive que parar em Guarulhos para fazer conexão. O avião já saiu de Brasília com meia hora de atraso. Em São Paulo, o desembarque foi feito na pista mesmo e os passageiros levados para o saguão de ônibus. Até que o inusitado resolveu aparecer.
Enquanto esperava os passageiros entrarem no ônibus, vi um outro ônibus bater no nosso. Pronto. Não bastava estar meia hora atrasado e perder tempo descendo na pista, tive que participar de um primeiro dia ruim de um motorista que não sabia dirigir carro automático. Meu voo para a Argentina sairia às 22h45 mas só embarquei às 22h50. Nem que tivesse que correr no meio da pista para pegar o avião, eu não ia deixar essa mania brasileira de só resolver as coisas depois das eleições atrapalhar meus cinco meses de treinos para a Maratona de Buenos Aires.
Bom, no final deu tudo certo e no sábado antes da prova eu já estava lá curtindo a feira da prova. Aliás, a Maratona de Buenos Aires é a melhor e mais importante prova da América do Sul. E é fácil constatar isso. As inscrições pela internet funcionam com segurança, os atletas podem reconhecer o percurso em um ônibus da organização, a camiseta é de primeira, o credenciamento não tem filas, a prova é recheada com postos de água, gatorade e frutas, há uma área especial para os familiares recepcionarem os atletas, o percurso é praticamente plano e as atrações se espalham pela prova.
Mesmo tendo treinado forte durante cinco meses, eu era uma pilha de nervos na largada. Passei os 21 mais rápidos da minha vida, com 1h42, e as pernas cobraram caro a partir do km 32. Corri mais da metade da prova quase 30 segundos mais rápido por km do que o planejado. Depois do km 30, tive um início de cãimbra e diminui o ritmo. Mas era uma maratona. E maratona a gente não desiste assim tão fácil. Puxei o ritmo faltando 4 km e conclui a prova bem cansado e abaixo das 4 horas.
Mas quer saber? Tempo é o de menos. Maravilhoso mesmo é saber que fui capaz de correr uma maratona. Mesmo já tendo corrido uma. Não é uma prova fácil nem para qualquer um. Não importa quantas vezes você já tenha corrido uma ou o quanto você se matou nos longões. Maratona é sempre complicado para todo mundo. Por isso escolhi Buenos Aires para correr, um lugar sensacional. E nada melhor para comemorar do que um bom vinho argentino e uma bela carne ao estilo portenho. Agora é descansar porque ano que vem eu estarei lá de novo.