Corredor Viajante – Lia Campos – Media Maratón Santa Cruz – Cotoca

Prova: XXXI Media Maratón Santa Cruz – Cotoca

Relato enviado em 11 de janeiro de 2012.

Foram 12 horas entre voos e aeroportos até chegar ao meu primeiro destino dessa viagem.

Cheguei gripada, cansada e à noite, conforme havia combinado com Gabriel, o corredor boliviano, fui à praça central da cidade – 24 de Setembro – onde fica a catedral, esperá-lo. A praça é bem bonitinha. Parece uma cidade do interior do Ceará. Ao redor, ficam uns prédios bonitos: um centro cultural, a sede do governo, a Assembléia Legislativa. Bem agradável, apesar do calor.

Praça da Igreja – Santa Cruz de la Sierra

Meu número de peito

Gabriel chegou e logo reconheceu-me (pelo blog) e passou-me meu número de peito: 7.

Conversamos um pouco, mas logo voltei pro hotel para dormir. Estava preocupada. A cabeça doía da gripe e cheguei a cogitar desistir de correr.

Pela manha o céu nao surgiu nublado como o site do tempo previu, mas sem nuvens e ensolarado.

Tomei meu café da manhã arranjado no quarto, já que o do hotel ainda não havia sido servido e sai para a largada na Praça 24 de Setembro.

Antes da largada, em frente ao prédio do governo

Chegando lá, pouquíssimos corredores. No máximo uns 200. Bem menos do que eu previra.

Aquecimento na praça

A Médio Maraton a Cotoca é uma prova tradicionalíssima e em 2011 está na sua 31a edição! É uma corrida que faz parte das festividades da Virgem de Cotoca.

Pelo que li a respeito, os corredores têm sempre pedido para que essa prova passe a ser realizada aos domingos, exatamente para aumentar o público. Nos dois anos anteriores a colocaram no domingo, mas em 2011 respeitaram a tradição de fazê-la no dia 7 de dezembro, véspera do dia da Virgem de Cotoca.

Bem, encontrei novamente Gabriel que ali estava de bicicleta para acompanhar alguns amigos.

Eu e Gabriel

Wilkie contratou um taxi para me seguir com água, já que os pontos seriam poucos e eu, mais do que nunca (por causa da gripe) iria precisar.

Dentre os corredores destacava-se um grupo de estudantes todos com a mesma camisetas e um senhor bem encurvadinho, velhinho, carregando uma bandeira da Bolívia, que depois soube que corre todos os anos.

Grupo de corredores

A largada, sem pórtico e à base de apito foi pontual.

Largada

7:30 e lá fomos nós pelas ruas de Santa Cruz, que àquela hora, dia normal de trabalho, já começava seu movimento.

Enquanto estivemos dentro das ruas da cidade havia policiais parando o trânsito e os motoristas estavam muito impacientes. O trânsito da cidade já é confuso, engarrafado, imagina sendo parado àquela hora!

Fui cautelosa e teve cruzamento que tive que parar e esperar o policial para fechá-lo.

Pensei que o trânsito  fosse melhorar ao deixarmos a cidade, mas achei pior.

O movimento na estrada que liga Santa Cruz a Cotoca era mais intenso ainda, com a poluição dos caminhões e a poeira da estrada que estava em obras.

Com o sol, a poluição e a poeira, estava tudo perfeito pra quem estava gripada.

Sem meu mp3 (na hora de colocá-lo, vi que a bateria tinha acabado!), resolvi ir na minha, observando o movimento ao meu redor e tomando cuidado com o trânsito, que naquele trecho não tinha mais policiais nos protegendo.

No km 7 vi o único posto de água disponibilizado pela prova. Nao vi outros.

Alguns atletas tinham pessoas, assim como eu, que os acompanhavam de carro para dar água. Uma dessas pessoas estava inclusive dando água a todos.

Ao nosso lado, já havia peregrinos que faziam o mesmo trajeto para pagarem promessa à “mamita”. Iam caminhando e ao longo de todo o percurso, muitas barraquinhas com água e alimentos para serem vendidos a esses devotos, que iriam aumentar durante todo o dia, noite adentro.

Na estrada, ao lado de uma devota que fazia sua caminhada

Wilkie vez por outra parava o táxi e me dava água. O sol não estava pior do que o de Fortaleza.

No km 15 Gabriel veio ao meu encontro e acompanhou-me até a “meta”.

Gabriel me acompanhando

Nao tínhamos chip e durante o percurso vi dois fiscais anotando nossos números quando passávamos.

De longe já avistei a torre da igreja onde seria a chegada e fui aproximando-me.

Quase chegando, rapazes paramédicos deram-me pequenos “comprimidos brancos” que, antes de engolir, resolvi cheirar e vi que era uma bolinha de algodao com álcool. Pra que servia? Até agora me pergunto…
A rua principal da cidade estava fechada e as pessoas aplaudiam quem chegava.

2:06 horas.
Segundo um argentino que estava correndo ao meu lado, foram 20km no gps dele. Nada mal pra quem estava na minha situação.

Chegada

Uma figura!

Aguardando a premiação

Em frente à chegada tinha um grande palanque da Powerade com os troféus. Procurei isotônico, mas não tinha.

Os corredores dirigiam-se à prefeitura da cidade, onde estavam oferecendo chicha, uma bebida bastante doce à base de milho (não alcoólica. Depois descobri que existe também a versao alcoólica), extremamente popular na região, e empanadas.

Provei a chicha, a empanada e voltei para a praça para ver a chegada dos outros corredores.

Meu kit alimentação: empanada com chicha

Cotoca é sede do santuário da Virgem de Cotoca, “Patrona do Oriente Boliviano”, onde se venera a Imagem da Virgem.

La mamita de Cotoca

Sua festa religiosa é realizada no dia 8 de dezembro, quando chegam peregrinos de Santa Cruz e de outras partes de Bolivia. Estima-se que mais de 200 mil pessoas comparacem à festa da Virgem. É uma cidade pequena do interior.

Após todos chegarem, foi a vez da premiaçao.

Eu já sabia que não teria medalha para todos.  Existe premiação em dinheiro, medalhas e troféus somente para os 3 primeiros entre as mulheres e homens em três categorias: Juvenis (até 19 anos), Mayores (de 20 a 39 anos) e Senior (acima de 39 anos).

Ganhadores masculinos

Começaram a chamar os vencedores e quando chegou na categoria senior damas, anunciaram meu nome no 3o. lugar.
Que massa!

Lá estava eu, no meio da Bolìvia, num local onde nunca na minha vida um dia sonhei em estar e ainda por cima sendo chamada para o pódio!

Perguntaram quem eu “representava”. Falei que o Brasil e notei surpresa no rosto das pessoas.
Fui premiada com um diploma, um troféu, uma garrafa de isotônico (o isotônico era somente para os vencedores!), uma medalha e (primeira vez na vida!), prêmio em dinheiro, 150 bolivianos (em torno de R$ 50,00).

Todos os prêmios

Foi uma satisfação muito grande.

Uma prova pequena, na verdade, mínima, sem nenhum “glamour”, organizaçao pra lá de desejável, mas que já tinha me dado uma enorme satisfação por ter participado, ainda mais por ter ficado com pódio! Com meus prêmios nas mãos, demos uma ligeira passada no mercado da cidade, bastante popular, vários panelões de chicha para vender e voltamos para Santa Cruz.
Ao chegar no hotel, perguntei por um restaurante típico e o indicado foi a “Casa Del Camba”.
E foi lá que gastei meu “prêmio”.


Comemorando

Pedi o menu típico, que consistia em uns pratos com arroz, chamados “majao”, de frango, pato, charque. Também um arroz de leite com queijo (delícia). Comida boa e barata.


Comida típica de Santa Cruz

À noite fomos caminhando até a praça principal. Santa Cruz de La Sierra, simplesmente chamada de Santa Cruz, é a maior e mais populosa cidade da Bolívia, considerada o motor econômico do país, localiza-se no centro do país.

Apesar de ser uma cidade grande e populosa, é como um grande “interior” (para os padrões brasileiros).

No centro da cidade e nos seus arredores nao existem prédios. Ruas estreitas e muito engarrafadas com um trânsito barulhento e caótico.

Pelo que vi, o único atrativo da cidade é mesmo a pracinha central com seus belos prédios. Passamos nossa última noite em Santa Cruz em um barzinho em cima do cinema, com vista para a praça. Bem bonito.

Catedral de Santa Cruz de La Sierra

Movimento à noite na pracinha

No dia seguinte a corrida foi destaque nos jornais e, especialmente em um, me senti a própria estrela… rsrsrs

El Sol:

SENIOR Y UNA EXTRANJERA. La categoría senior se destacó por la presencia de una atleta extranjera en el podio, se trata de la brasileña Lia Campos, quien se adjudicó el tercer de la competencia.

En esta categoría la ganadora fue Sabina Jamillo, que tuvo un registro de 1h 55m 15s, siendo mucho más veloz que sus rivales, ya que Jaimi Terán, obtuvo el segundo puesto con un tiempo de 2h 03m 26s, mientras que la brasilera Campos se quedó con el tercer puesto con un tiempo de 2h 6m 55s.”

http://www.elsol.com.bo/index.php?c=&articulo=-Yucra–logra-un-milagro–en-Cotoca&cat=154&pla=3&id_articulo=26081

 

El Deber:

http://www.eldeber.com.bo/2011/2011-12-08/vernotadeportes.php?id=111208001921

 

El Dia:

http://www.eldia.com.bo/index.php?c=&articulo=Yucra-y-Mendoza-se-lucen-ante-los-fieles-en-Cotoca-&cat=154&pla=3&id_articulo=80582

 

 

El Mundo:

http://www.elmundo.com.bo/Secundarianew.asp?edicion=08/12/2011&Tipo=Deportes&Cod=42520

 

Valeu Santa Cruz e Cotoca!
Prova e experiência inesquecíveis!